Cópias ditadas
Havia alguém cuja mente girava incessantemente em torno de uma única ideia: a recompensa. Não importava o esforço, nem a dedicação, pois o seu verdadeiro objetivo era o reconhecimento, o prémio que pudesse validar a sua existência. Inspirava-se nas obras alheias, nas ideias que não eram suas, e, com uma destreza quase automática, reproduzia-as, como se fosse um espelho que reflete aquilo que não criou.
A originalidade era algo secundário; o mais importante era o elogio, a aprovação dos outros, a sensação de ter conquistado algo material ou simbólico. Usava a imagem e o trabalho alheio como um trampolim, uma ponte que o levava ao seu próprio desejo de destaque, mesmo que i significasse apagar a autoria, esconder a sua própria essência.
Por dentro, sentia-se vazio, uma sombra de alguém que nunca tinha aprendido a valorizar o esforço genuíno, a criatividade autêntica. Para ele, tudo se resumia a uma busca incessante por recompensa, uma ânsia que o cegava para o verdadeiro valor da integridade, da honestidade e do talento próprio. E assim, caminhava e continuava, sempre na sombra daquilo que outros tinham criado, anelando por reconhecimento, enquanto se esquecia de que a verdadeira recompensa residia na autenticidade do próprio percurso.


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